Do Jornal "A União" de hoje pescamos a seguinte entrevista:
Pretende melhorar as possibilidades de inserção na vida activa da população com menores recursos económicos. O projecto “Porto de Abrigo”, da responsabilidade da Casa do Povo e Junta de Freguesia do Porto Judeu, prevê abranger cerca de uma centena de participantes na totalidade, em trabalhos artesanais e programas de alfabetização.
Corte e costura, Decoração de interiores, Artesanato à máquina, Artes decorativas, Trabalhos em Vime, Culinária e cozinha e Exploração pecuária são as actividades a desenvolver no âmbito do projecto “Porto de Abrigo”, a par do programa geral de alfabetização e gestão dos recursos materiais e financeiros a nível familiar. Cada curso deverá ser frequentado por cerca de duas dezenas de alunos num universo de uma centena de participantes que pertencem aos estratos sociais menos favorecidos cultural e financeiramente da população activa da freguesia do Porto Judeu, concelho de Angra do Heroísmo.
Em declarações ao nosso jornal, o presidente da Junta de Freguesia revela que a iniciativa pretende motivar futuros empreendedores dando uma “segunda oportunidade” a homens e mulheres activos que, considera, “têm muito para dar”, a qual será desenvolvida durante um ano com direito a certificado. “Pretendemos contribuir para aumentar a auto-estima dessas pessoas dando oportunidade de mostrar as suas capacidades de trabalho”, diz João Tavares, referindo que os cursos serão escolhidos conforme as apetências individuais.
No entanto, uma vez terminado o curso, os antigos alunos deverão manter-se ligados ao referido projecto. Para isso o “Porto de Abrigo” integra a criação de uma cooperativa de forma a dar resposta ao seu investimento pessoal e artístico. “Assim os artesão terão espaço próprio para expor e vender os seus trabalhos e os lucros deverão reverter a favor dos respectivos autores”, avança o autarca da freguesia sobre os resultados práticos do projecto que deverá arrancar ainda este ano.
“Paralelamente serão passados alguns conhecimentos básicos sobre higiene pessoal e doméstica, economia e serviços na área habitacional para que possam aplicar em casa, no seu dia-a-dia”, acrescenta.
Por outro lado, continua o autarca, a aprendizagem em trabalhos manuais poderá motivar o aparecimento de novos artesãos garantindo, assim, a continuidade da criação de artefactos. “É uma forma também de passar conhecimentos tendo em conta que no momento há actividades tradicionais que correm o risco de desaparecer por falta de novos interessados”, considera.
Em termos de instalações e equipamentos, João Tavares adianta que as entidades responsáveis pelo projecto – Casa do Povo e Junta de Freguesia de Porto Judeu – estão dotadas com os espaços e materiais necessários através da Escola de Artes e Ofícios existente naquela localidade. “Temos máquinas de costura, ferros de engomar, cozinha, entre outros. Trata-se também de rentabilizar os nossos recursos”, diz.
Esta iniciativa, que conta com o apoio da Secretaria Regional dos Assuntos Sociais através da Instituição de Acção Social, surgiu na sequência de uma experiência piloto levada a cabo pelas profissionais de acção social da Casa do Povo do Porto Judeu, no final do ano passado. João Tavares recorda o “sucesso” da iniciativa que envolveu cerca de 25 participantes no curso de Decoração de interiores e Artes decorativas, abrangidos pelo Rendimento de Inserção Social. “Concluímos que era viável apostar num projecto como este”, sustenta o autarca.
Loja Solidária
Consiste num projecto que visa a criação de um espaço organizado para dar e receber peças de vestuário, calçado e acessórios destinados à população mais desfavorecida da freguesia de Porto Judeu.
De acordo com o autarca, o projecto denominado “Loja Solidária” poderá vir a ser instalado num edifício localizado no Largo de Santo António, o qual funcionará em horário de expediente. “É um modo de reorganizar o banco de roupa da freguesia. Vai estar aberto à comunidade e deverá funcionar com determinadas regras”, revela João Tavares.
Trata-se de uma iniciativa conjunta da Casa do Povo e Junta de Freguesia de Porto Judeu, ainda sem data de concretização.
Sónia Bettencourt
Não será esta iniciativa zelar pelo bem estar das nossas gentes?